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Eu, como professor de História, embora não torça contra o planeta, não tenho boas expectativas em relação ao governo Trump. A história nos ensina que lideranças com um perfil autoritário, protecionista e unilateralista frequentemente geram impactos negativos em diversas áreas, e as primeiras ações de Trump desde que tomou posse reforçam essa preocupação. Os reflexos de sua administração podem ser sentidos na economia global, nos direitos humanos, na cultura e na paz mundial, e infelizmente, o que se desenha não parece promissor. O motivo é fácil de entender.
No campo econômico, Trump tem adotado uma postura protecionista agressiva, retomando políticas de aumento de tarifas sobre importações, com foco especial em países como China e México. A história nos mostra que medidas assim tendem a desencadear retaliações comerciais, prejudicando tanto os próprios Estados Unidos quanto os mercados internacionais. A insistência em priorizar a economia doméstica a qualquer custo pode levar a um enfraquecimento das relações comerciais globais e a um aumento da instabilidade econômica, especialmente para países emergentes que dependem desse fluxo para seu crescimento.
No que diz respeito aos direitos humanos, o histórico de Trump sugere um cenário preocupante. Sua política migratória, caracterizada por barreiras mais rígidas e retórica anti-imigrante, já teve impactos profundos no passado e pode voltar a causar sofrimento para milhares de pessoas. As políticas de “tolerância zero”, como a separação de famílias na fronteira, são exemplos de medidas que, além de desumanas, mancham a imagem dos EUA como defensores da liberdade e da dignidade humana. A recente decisão de intensificar as restrições fronteiriças e tratar organizações criminosas estrangeiras como terroristas apenas amplia o temor de violações de direitos fundamentais. Pobres dos nossos cidadãos de bem que amam tanto os States.
Na esfera cultural, há um risco crescente de polarização e repressão. Trump representa uma visão de mundo que enxerga a diversidade cultural como uma ameaça, promovendo narrativas nacionalistas que frequentemente marginalizam grupos minoritários. O discurso inflamado e a desvalorização da ciência e da educação crítica podem gerar retrocessos na forma como os cidadãos enxergam a diversidade e a pluralidade. Se no passado vimos uma tentativa de censura e ataques à mídia, é plausível imaginar que a liberdade de expressão e a produção cultural possam sofrer ainda mais nos próximos anos.
E talvez o maior temor recaia sobre a paz mundial. A abordagem isolacionista e agressiva de Trump em relação a alianças internacionais pode colocar em risco a estabilidade global. O desprezo por acordos multilaterais e o enfraquecimento de instituições como a ONU e a OTAN criam um ambiente de incerteza. A falta de uma postura diplomática equilibrada pode agravar conflitos existentes, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio, colocando o mundo em um caminho ainda mais perigoso.
Diante desse cenário, mantenho a esperança de que o bom senso prevaleça, mas, com base nos precedentes históricos e nos primeiros movimentos de sua administração, é difícil vislumbrar um futuro positivo sob sua liderança. Entretanto, a história também nos ensina que a resistência e a organização social podem ser forças poderosas para conter os danos e pavimentar caminhos para um futuro mais justo e equilibrado.
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