Perspectiva para governos municipais de extrema direita

 

A eleição de prefeitos ligados ao pensamento bolsonarista, identificado com a extrema direita, levanta questões importantes sobre o impacto de suas ideias e práticas no dia a dia da administração pública e na vida da população.

O apreço que tais políticos têm pelo autoritarismo e pela truculência é inversamente proporcional ao zelo para com as questões sociais.

Com um discurso que traz no mesmo pacote valores conservadores, liberalismo econômico e foco em segurança pública, essas gestões prometem mudanças que podem transformar a forma como os serviços públicos funcionam dificultando bastante a vida dos mais pobres.

De forma objetiva, preparei algumas previsões baseadas no discurso dos próprios candidatos e representantes da extrema direita brasileira. Para que possa ficar bastante claro, me refiro principalmente aos prefeitos eleitos do PL, partido que hoje reúne a grande maioria dos políticos extremistas da direita.
Assim sendo, vamos analisar o que pode mudar no funcionamento da prefeitura e nos serviços públicos?

1. Reestruturação da máquina pública
Prefeitos alinhados a essa ideologia costumam defender um Estado mais enxuto. Isso pode significar cortes de servidores, revisão de cargos e até a redução de investimentos em áreas sociais. Na prática, os trabalhadores que permanecem podem acabar sobrecarregados, o que prejudica a qualidade de serviços básicos como saúde e educação. Por outro lado, áreas como obras de infraestrutura, que trazem resultados mais visíveis e rápidos, tendem a ser priorizadas.

2. Aumento da terceirização
Esses governos frequentemente apostam na terceirização de serviços como limpeza, segurança e transporte público. Se, por um lado, isso pode agilizar a entrega de alguns serviços, por outro, aumenta o risco de precarização das condições de trabalho, especialmente para quem é contratado por empresas privadas. Além disso, áreas que exigem maior controle público, como saúde e educação, podem ter sua qualidade comprometida.

3. Educação sob um aspecto conservador
No campo educacional, o discurso da “Escola Sem Partido” ganha força, limitando discussões sobre diversidade, gênero e direitos humanos. Isso pode criar um ambiente de censura nas escolas, dificultando o trabalho dos professores.

Enquanto isso, contratos com empresas terceirizadas para alimentação e manutenção escolar podem crescer, ampliando a dependência da prefeitura desses fornecedores e beneficiando assim elites econômicas regionais. A extrema direita tem lado e não e o lado dos mais pobres e servidores municipais.

4. Foco na segurança pública
Prefeitos de extrema direita geralmente colocam a segurança como prioridade. Isso pode significar mais investimentos na guarda municipal, sistemas de vigilância e até parcerias com empresas de segurança privada. No entanto, a ênfase em policiamento ostensivo pode levantar preocupações sobre abusos e a privatização de responsabilidades que deveriam ser da coisa pública.

5. Impactos nos serviços públicos
Com uma política de austeridade, setores essenciais como saúde e assistência social podem sofrer cortes ou serem transferidos para parcerias público-privadas (PPPs). Embora isso possa gerar eficiência a curto prazo, populações vulneráveis podem enfrentar dificuldades para acessar serviços básicos de qualidade.

Como isso nos afetará?

Servidores públicos: Cortes e mudanças na estrutura administrativa podem desmotivar os servidores e dificultar o trabalho em áreas já sobrecarregadas.

Trabalhadores terceirizados: Embora as terceirizações possam gerar empregos, muitas vezes as condições de trabalho e os salários são inferiores aos dos servidores públicos, aumentando as desigualdades.

População em geral: Com menos investimento em políticas inclusivas e maior dependência de serviços privados, moradores podem enfrentar mais custos para acessar saúde, educação e transporte.

Desafios e a questão da dignidade humana

Um dos maiores desafios desses governos é garantir que as políticas priorizem a dignidade humana. Reduzir programas sociais ou excluir os debates importantes nas escolas pode aprofundar desigualdades e dificultar o diálogo com grupos marginalizados. Porém, cabe à sociedade, movimentos sociais e instituições democráticas fiscalizar e cobrar ações que coloquem o bem-estar das pessoas no centro das decisões.

Gestões municipais de extrema direita terão que escolher entre a difícil tarefa de equilibrar eficiência administrativa e a promoção da inclusão social. O sucesso dessas administrações dependerá de sua capacidade de não apenas enxugar custos, mas também garantir que ninguém seja deixado para trás. Por isso, tantos analistas são pessimistas em relação a essas gestões. O discurso com pouca ou nenhuma empatia é uma preocupação para todos os progressistas.

Afinal, um governo que esquece a dignidade humana arrisca comprometer a coesão social e os valores fundamentais de uma democracia.
Central de Notícias

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